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Foto do escritorEng. Yuri Gomes

Lançamento estrutural

Existem diversos sistemas estruturais, nas edificações residenciais brasileiras o mais empregado é o convencional, onde a carga aplicada na laje é direcionada para as vigas que descarregam nos pilares até chegarem nas fundações. Também é bastante difundida a alvenaria estrutural, principalmente nas edificações "minha casa minha vida", onde as próprias paredes resistem as cargas advindas das lajes e distribuem para os pavimentos inferiores até a fundação. Ainda existem os sistemas pré-moldados, steel frame, wood frame e diversos outros, sendo que cada um tem sua particularidade e melhor utilização.

Como o sistema convencional é o mais empregado no Brasil, seja por questões culturais, mão-de-obra ou mesmo de conhecimento, neste artigo de inauguração do blog iremos falar um pouco sobre o conceito utilizado em nossos projetos e como pensamos na concepção estrutural de uma edificação residencial a fim de obter a melhor funcionalidade com os sistemas de instalações e garantir a estabilidade da edificação com rigidez adequada, porém permitindo que a estrutura trabalhe e evite trincas indesejáveis.

O primeiro procedimento avaliado é o lançamento estrutural, onde são posicionados os pilares, vigas e lajes e como será a interação entre estes elementos (engastados, rotulados ou com nós semirrígidos). Nesta etapa é de suma importância ter o conhecimento técnico sobre o comportamento de cada um dos elementos, pois a partir do fundamento teórico da peça é possível prever, antes mesmo da análise matemática do pórtico, quais serão as consequências do lançamento, reduzindo assim custos e dificuldades na instalação.

A primeira etapa do lançamento estrutural é a análise da arquitetura, pois é sempre interessante ter um diálogo aberto com o profissional que cria a concepção da casa a fim de apresentar otimizações e um olhar mais técnico do funcionamento estrutural da residência, dando preferência por paredes que fiquem sobrepostas as dos pavimentos inferiores (evitando vigas de equilíbrio), pilares que sejam contínuos até a fundação e paredes hidráulicas onde possam ser direcionadas as tubulações sem muitos desvios. Esta interação entre os profissionais faz toda a diferença para o bom funcionamento da edificação, para as finanças do cliente e para o ambiente de trabalho das equipes.

Com a avaliação da arquitetura e devidos ajustes, são lançados os pilares, sempre que possível posicionando-os dentro das paredes, sendo iniciados pelos cantos e espaçados preferencialmente com vãos inferiores a 4 metros (evitando assim vigas robustas e excesso de esforços nos elementos). Além do espaçamento, também é importante alterar a orientação dos pilares ao longo do lançamento, criando assim uma rigidez na estrutura e permitindo a absorção dos esforços laterais, advindos de cargas de vento, por exemplo. Outro ponto importante é avaliar as dimensões dos pilares neste lançamento, sempre atentando para as dimensões mínimas previstas na norma brasileira, pois além de ser uma "lei", pilares sem muita rigidez acabam gerando deformações excessivas e consequentes trincas no futuro.

Com o posicionamento dos pilares, são lançadas as vigas, tendo preferência pelo lançamento de vigas contínuas e que criem pórticos nos dois sentidos da edificação, pois isso permite absorver as cargas de forma mais eficiente e distribui-las nas fundações de forma mais uniforme, evitando fundações pesadas e com custos elevados (altamente dependente da qualidade do solo, mas isso já é assunto para outra postagem). Nesta distribuição já é interessante ter em mente quais serão as futuras vinculações entre as peças, sendo que vigas engastadas umas as outras reduzem o grau de liberdade de movimentação, porém há um aumento na taxa de armação e em excesso pode evitar a trabalhabilidade da estrutura, fazendo com que surjam trincas relativas a dilatação e deslocamentos naturais da estrutura, por isso é importante seguir o projeto, pois quando o pedreiro fala que colocou mais "ferro" e deixou a estrutura mais "forte", na realidade pode estar criando uma alteração da concepção estrutural e no futuro surjam trincas que não eram para existir. O tipo de vinculação faz toda a diferença nos custos da edificação, por isso em nossos projetos buscamos definir pórticos rígidos que realizam o travamento em toda estrutura, porém mantemos nós rotulados que irão permitir a trabalhabilidade e adequada distribuição das cargas.

Ainda no lançamento das vigas buscamos já visualizar o projeto de instalações pluviais a fim de definir possíveis descidas que serão ocultadas nas paredes e buscamos manter estas "soltas", ou seja, sem uma viga na parte superior da parede, isso evita a passagem de tubulações grossas nas vigas e a consequente redução da resistência dessas peças, visto que são práticas não adequadas do canteiro realizar este tipo de intervenção sem a devida consulta ao engenheiro projetista, desta forma buscamos nos antecipar e já evitar estes futuros problemas.

Por fim realizamos o lançamento das lajes, dando preferência por pré-moldadas (vigotas treliçadas com isopor, por exemplo) que reduzem os custos de forma e cimbramento, porém não abrindo mão de maciças em pontos que sejam interessantes, como banheiros e reservatórios.

Imagem de autoria própria (Projeto ME)

Caso queira saber um pouco mais entre em contato conosco e vamos trabalhar juntos para realizar o seu sonho.

 

Eng. Yuri Gomes

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